Empreendedorismo e Saúde Mental um TABU que precisa de ser quebrado

Infelizmente, saúde mental ainda é um TABU entre empreendedores. Na verdade é um tema que gera desconforto na sociedade em geral.

Falar sobre esse tema, pode parecer “fraqueza”, “frescura” “não aguentar a pressão”. O fato é que a maioria ainda pensa que cuidar da saúde mental, tem a ver com a ausência da mesma. 

Segundo a OMS, a saúde mental é definida como um estado de bem-estar em que cada indivíduo tem ciência do seu potencial e pode lidar normalmente com os estresses da vida, trabalhar de forma produtiva e proveitosa e é capaz de contribuir para sua comunidade.

Pessoas com mente sã agem conforme a premissa de que ninguém é perfeito e que não se pode ser tudo para todos ao mesmo tempo. Enfrentam as oscilações de emoções e não têm medo de procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com conflitos.

Quando os profissionais não pedem ajuda é que podem surgir vários problemas.

O que acontece é que muito empreendedores por trás do seu comportamento calmo, alegre, profissional, carregam um lado obscuro que é pouco discutido até entre eles mesmos. Muitos carregam um fardo pesado, uma angústia, solidão, ansiedade, frustrações… 

São vários dramas psicológicos vividos e desencadeados por pressão inimaginável.

Além de ter que conciliar muitos papéis e enfrentar inúmeros contratempos. Precisam saber lidar com a concorrência, com problemas pessoais, com oscilações de vendas e até mesmo com pandemia (quem poderia imaginar), e tudo isso ao mesmo tempo e muitas vezes sem poder deixar transparecer sua preocupação, para não arranhar sua imagem e de seu negócio.

Em vez de mostrar a vulnerabilidade, os líderes têm praticado o que os psiquiatras chamam de gerenciamento de impressão “fake it till you make it‘ em tradução literal “finja até você conseguir”.

Esse negligenciamento se torna uma bomba relógio, afetando não somente a saúde mental mas também a saúde física, o que escancara o quanto o fator emocional pode impactar na vida do empreendedor.

Tendemos a nos encontrar cercados pelos fatores ambientais que dificultam a prática de bons cuidados pessoais e hábitos positivos de saúde mental. Suportamos longas horas, privação de sono, má nutrição, muita cafeína e muito pouco sono por uma questão de hábito. Combine esse estilo de vida frenético com restrições de fluxo de caixa que podem nos impedir de procurar investimento na saúde mental e é fácil perceber por que os empreendedores geralmente enfrentam um risco maior à saúde mental.

Também é muito comum durante a jornada do empreendedor, ouvirmos frases de efeitos e motivação, que muita vezes nos coloca em uma carga emocional elevada, uma busca desenfreada com um padrão de produtividade e resultados que podem nos levar ao esgotamento mental.

Li esse depoimento em grupo de estudos de marketing digital e fiquei pensando, como toda essa pressão pelo resultado, pelo fazer, adoece e machuca emocionalmente as pessoas:


“Eu fico vendo os depoimentos que são postados aqui e admirando cada um deles. Passo a me questionar, porque ainda não fiz o lançamento. Mudei minhas férias, me dediquei o tempo todo, estudei, errei e refiz o processo.Fiz a captação de leads e consegui 2, mas não foram na proposta de uma aula. Leio e releio, brigo com a tecnologia, às vezes ela me vence e às vence eu ganho uns pontinhos.

Digo que comecei do menos 33 e estou agora no -1. Fiquei dias e dias para aprender. Atrasou tudo, não consegui fazer o que precisava para o lançamento marcado para o dia 03. E já desmarquei duas vezes. Pensei que era mais fácil…É um universo muito diferente do que eu vim e no fato de estar sozinha sem ninguém para pensar junto, salvo vocês, mas mesmo assim está difícil. Tenho me dedicado mais de 10 horas diárias e parece que não saio do lugar. Parece que se tivesse alguém um lançador ou alguém que faz tudo que precisa fazer, seria melhor, só entregaria o material e acompanharia. Poderia pensar em coisas que realmente posso dominar melhor. Só que fico entre a cruz e a espada. Puxa agora que eu paguei o XXX vou passar para outra pessoa? Se passar como pagar? Aí volto novamente para o campo e tento encarar. Avanço um pouquinho, mas sabe a sensação dentro de vc que é de estar num fusquinha e sentir que pode dirigir um fórmula 1 se tivesse em uma máquina melhor? Pois é me sinto no fusquinha… Me motivo a cada dia e digo pra mim mesma AGORA VAI e parece não ir… Minhas férias acabaram e agora vai ser mais pauleira ainda!!!!

Tinha um cabelo tão lindo e vejo ele pelo chão.. Estou com um terço do que eu tinha 😪. Isso está pegando… quem é mulher sabe 😭😢. O duro e olhar para câmera e constatar cada vez mais…O XXX diz que a dor passa, assim espero!!! Espero também ter meus cabelos de volta!!! 😔

Desculpa, mas só aqui e que eu posso chorar.. Como agora enquanto escrevo😢 Dia difícil, sensação de fracasso… E cá entre nós aos meus 50 anos não precisaria estar nesta situação… Mas estou aqui!!! Acho que hoje só quero chorar… nem em outros momentos mais desafiadores fiquei assim…😪”

Esse é um de inúmeros relatos! Não tenho como mensurar a quantidade de pessoas que neste exato momento choram em suas casas, nos seus travesseiros, diante de seu home-office e até mesmo lendo esse texto.

O que tenho certeza é que existem milhares de outras pessoas passando pela mesma situação, e a pior parte dessa história é que, com certeza a possibilidade de buscar ajuda de um profissional de saúde mental deve ser a última ou nem deve ter sido cogitada.

O importante até aqui é deixar claro que todos esses sofrimentos podem ser tratados e resolvidos, para bem da nossa saúde, que é o ativo mais precioso que possuímos.

Para finalizar…

Apesar de toda a complexidade que um quadro de desequilíbrio psicológico em um empreendedor possa oferecer, isso não é o fim do mundo.

Um diagnóstico de doença mental não significa que sua carreira como empresário acabou. O importante é reconhecer os sintomas rapidamente e obter o tipo certo de ajuda para restaurar o equilíbrio e a paz da sua vida.

Há como “tratar”, amenizar, reequilibrar antes de qualquer agravamento. Começar a conversar e expor o assunto é o primeiro passo para começarmos a nos tratar. 

Remover tabus, investir em autoconhecimento e busca ajuda de profissionais como psicólogos, psiquiatras ou terapeutas vem logo em seguida.

Uma sugestão para tratamento é o uso da Terapia Cognitivo Comportamental, que possui uma visão bem moderna, empírica e pragmática para lidar com esses problemas.

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